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Brasil tem queda em número de fumantes, mas taxa de iniciação ainda é alta

Se em 2006 o Brasil tinha 15,7% de pessoas fumantes, esse número caiu para 10,1% em 2017, segundo a Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), publicada no começo do mês. “O Brasil é um dos países que teve queda mais significativa na prevalência de fumantes”, comemorou a doutora Tânia Cavalcante, secretária executiva da Comissão Nacional para a implementação da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco, da Organização Mundial da Saúde (OMS). O programa da entidade internacional é, na verdade, um conjunto de leis, como aumentar impostos, restringir a venda de cigarros a menores, proibir propaganda e criar medidas educativas, como as campanhas de advertência sanitária nas embalagens do produto, cujo objetivo é diminuir o número de fumantes no mundo.

O Brasil entrou para a convenção em 2005. Pesquisadores da Universidade de Berkeley, nos Estados Unidos, passaram a divulgar resultados das mortes decorrentes da poluição do ar em grandes cidades com os efeitos do cigarro. Em 2015, eles criaram um método que permite correlacionar a qualidade do ar de uma região com o seu equivalente em cigarros acesos pelas pessoas que ali vivem, e descobriram que um tabaco por dia corresponde ao consumo de 22 microgramas por metro cúbico de partículas poluentes — o volume seguro do material, segundo a OMS, é de 10 microgramas/m³.

Em cidades chinesas e indianas, em que os aparelhos de purificador de ar são os mais procurados nas lojas por causa da poluição intensa, a medida vale mais para as emissões do que para os cigarros, mas em grandes cidades, a comparação soa mais equilibrada: 26 mil pessoas morrem por ano no Brasil por causa do ar poluído — na China, esse número é de 1 milhão. “Essas partículas são pequenas o suficiente para entrarem fundo em pulmões e na corrente sanguínea, onde elas desencadeiam ataque cardíaco, derrame, câncer de pulmão e asma”, escreveram Richard e Elizabeth Muller, autores do método, no paper publicado no periódico Berkeley Earth. No Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), 80% dos tabagistas começam a fumar antes dos 18 anos, mas essa iniciação também sofreu impacto desde que o país entrou na convenção da OMS.

Em 2009, 24% das crianças e adolescentes experimentavam cigarros, enquanto em 2015 eram 19%. “Ainda é um número alto, embora seja muito mais baixo que em outros países”, acrescentou Tânia. Entre as pessoas que adoecem por causas atribuídas ao tabagismo, as cardíacas atingem 477,47 mil. A pulmonar obstrutiva crônica vem em segundo lugar, com 378,59 mil casos, seguida de 121,15 mil com pneumonia, 59,50 mil de acidente vascular cerebral, além de 73,5 mil diagnosticadas com câncer provocado pelo tabagismo. Desse total, 26,85 mil com câncer de pulmão.

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