Paralelo entre a abordagem contra o uso de drogas e o câncer Câncer é o sinônimo de doença terminal, por isso o paralelo ilustra bem como a sociedade vê é o crack. Tal como o que se percebe com relação ao tratamento do câncer: todos os que podem ser tratados preventivamente em geral não avançam, ou não acontecem. E outros quando diagnosticados a tempo, são tratados com sucesso, através de métodos cirúrgicos, quimio e/ou radioterápicos. No caso da droga, quando diagnosticado o uso abusivo do álcool, ou o uso de qualquer outra droga – lícita ou ilícita – em tempo, também apresenta prognóstico positivo. Na questão da droga existem dois pontos a serem atacados: O primeiro é a oferta.
Os meios de comunicação nos bombardeiam diariamente com verdadeiras cenas cinematográficas. A guerra do mocinho contra o bandido, situações heroicas infindáveis, pois o comércio das drogas, tanto lícitas quanto ilícitas, se reproduz como os ratos. Existe um vasto manancial que os alimenta. Este manancial é o segundo tópico: a demanda. A demanda se dá através do uso. E não podemos mais ficar cegos para a inexistência de políticas preventivas que discutam o álcool como a principal droga, que livremente se alardeia e divulga em plenas manhãs de domingo, em patrocínios nos principais programas esportivos, à disposição de todos os ouvintes ou telespectadores. E pasmem: Não vemos, nem ouvimos qualquer político enfrentando essa situação. “Por que será?” E esta é a droga que mais mata seres humanos na face da terra.
Em segundo lugar, é necessário que a sociedade se conscientize de que hoje qualquer experiência emocional é abafada com o uso de um psico-fármaco, que em grande parte é receitado sem um diagnóstico mais apurado. É uma forma de calar ou amansar a sociedade! E, mais uma vez, pasmem: também não vemos qualquer política pública, ou político questionando essa situação. “Porque será?” Depois temos as drogas ilícitas ditas “leves”, como a maconha, que está tão incorporada na sociedade que ninguém mais dá atenção a ela, como se ela não fosse a desencadeadora do processo de inúmeros casos de psicoses e de um retardo na maturação emocional de seus usuários crônicos. E chega o momento em que grande parte dos usuários buscam algo a mais.
E esse algo a mais tem um nome: é o Crack. E as crackolândias podem ser comparadas hoje aos leprosários de muito antigamente. O uso do crack no indivíduo pode ser comparado ao que descrevemos acima: Já é a metástase do uso da droga. Serão raros os casos de sucesso no tratamento, ou o tratamento vai requerer um investimento muito maior, tanto financeiro quanto profissional, para os quais o estado mostra-se limitado. Nos últimos anos tenho discutido e proposto que o caminho de enfrentamento só será possível quando o poder público e a sociedade, unidos, enfrentarem de fato esse problema, com um verdadeiro choque de gestão.
Legal.