A chave para o combate ao coronavírus pode estar no tabaco. Num momento em que investigadores de todo o mundo se juntaram à corrida para desenvolver uma vacina contra a covid-19, um espécime da planta, chamado nicotiana benthamiana, pode vir a dar um contributo importante para a ciência médica.
Um dos desafios é produzi-la em grandes quantidades e rapidamente. Através de tecnologias sofisticadas de cultivo e utilizando plantas, como a do tabaco,, a produção de vacinas e anticorpos à medida pode vir a acelerar”.
O projeto “Newcotiana EU”, reúne uma equipa internacional de cientistas de sete países europeus e da Universidade Tecnológica de Queensland, na Austrália, numa missão coordenada pelo Instituto de Biologia Molecular e Celular de Plantas de Valência.
Através da aplicação de tecnologias altamente reprodutivas (como a técnica CRISPR) às plantas de tabaco, e em especial à nicotiana benthamiana, os cientistas conseguiram transformá-las numa biofábrica e produzir moléculas por medida para produtos na área da saúde.
“Muitos medicamentos que usamos hoje são extraídos de plantas, mas agora, graças à biotecnologia, podemos impor às plantas a produção de outras substâncias, diferentes daquelas que produzem naturalmente. Fazemo-lo introduzindo informação genética no genoma, com instruções para produzir esses medicamentos, como vacinas, anticorpos, e outros produtos”, conta o coordenador do projeto, Diego Orzáez.
A benthamiana é uma planta de tabaco nativa da Austrália, amplamente utilizada para a produção de vacinas e anticorpos, contra doenças como o Ébola. Os investigadores modificam os genes injetando as informações de ADN nas folhas e melhoram a capacidade de as plantas produzirem uma grande quantidade de produtos farmacêuticos específicos.
Marta Vázquez, investigadora em Biotecnologia do Instituto de Biologia Molecular e Celular de Plantas (IBMCP) explica que o processo consiste em dar às plantas “instruções para melhorá-las, para mudar genes em concreto”. porque há “coisas que temos de pedir à planta que faça”.