Tabagismo e coronavírus. Duas pandemias que se andarem juntas podem trazer graves consequências à saúde. Pesquisa da Universidade de Ciência e Tecnologia de Huazhong (China) mostra que os tabagistas apresentam um risco 14 vezes maior de agravamento da pneumonia causada por Covid-19 em comparação com a população não fumante.
Isso somado aos estudos realizados pela Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), que aponta que 9,8% da população ainda é fumante, está fazendo com que, especialmente neste ano, a campanha de conscientização do Dia Mundial Sem Tabaco (31 de maio) da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Instituto Nacional de Câncer (INCA) seja intensificada. Parar de fumar hoje é, portanto, questão de saúde pública.
Segundo a OMS, os fumantes, assim como os fumantes passivos, são considerados grupo de risco para a infecção do novo coronavírus e as razões são muitas. Entre elas, conforme explica o médico-cardiologista Luiz Claudio Mendes Carvalho, está o fato de que o tabaco causa diferentes tipos de inflamação e prejudica os mecanismos de defesa do organismo.
“Os tabagistas possuem de forma considerável maior risco para desenvolvimento de infecções respiratórias, sejam elas por vírus, bactérias ou fungos. É sabido também que fumantes têm sua capacidade pulmonar reduzida e quando infectados pelo coronavírus estão mais propensos a evoluir com as formas mais graves e necessitar de intubação e ventilação mecânica”, explica.
Outro fator da grande atenção a esse grupo neste período de pandemia, é o fato de que o tabagismo já é, naturalmente, um fator de risco para desenvolvimento de acidente vascular cerebral (AVC). “Principalmente o isquêmico, que é aquele causado por bloqueios das artérias cerebrais, devido a disfunções das camadas internas das artérias, o que facilita o acúmulo de placas de gorduras no interior dos vasos. Em casos de Covid-19, como ocorre um grande processo inflamatório no organismo, essa disfunção é potencializada, assim como o risco de formação de coágulos no interior dos vasos cerebrais levando, então, ao AVC”, saliente o médico.
Tabagismo e coração
O tabagismo está diretamente relacionado ao câncer de pulmão e outras doenças pulmonares. Porém, é importante lembrar que o coração é também uma das grandes vítimas desse hábito. Segundo as estatísticas clínicas registradas pela equipe do Dr. Luiz Claudio Mendes Carvalho na Centermed Santos, cerca de 25% dos pacientes com infarto agudo do miocárdio eram fumantes.
O hábito de fumar potencializa as doenças cardiovasculares, pois o fumo leva à formação de placas de gordura no interior das artérias, aumenta a pressão arterial e a frequência cardíaca. Ele também induz a resistência à insulina, aumentando o risco de desenvolvimento de diabetes, produz inflamação nos vasos e aumenta o risco de trombose.
“Ao interromper o uso de cigarros, os efeitos benéficos no sistema cardiovascular, tanto em curto, médio e longo prazo, são claros”, diz o especialista. “Há melhora da pressão arterial e frequência cardíaca, do padrão respiratório e circulatório, redução de risco para infarto e de AVC”.
Essa melhora acontece, pois passa a existir maior equilíbrio entre a oferta e consumo de oxigênio pelo organismo, melhora da função endotelial, redução do processo inflamatório, redução de estados de hipercoagulabilidade e trombose, além de reduzir o depósito de placas de gorduras no interior dos vasos sanguíneos. “Ou seja, a cessação do tabagismo é fundamental para interromper a evolução de quadros de problemas cardiovasculares, e atualmente para evitar também as complicações da Covid-19”, conclui o cardiologista Luiz Claudio Mendes Carvalho.
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