Especialistas alertam que, assim como a febre e as dores são indícios de doenças do corpo, na dependência química é preciso ficar atento aos sintomas de sociabilidade
Muitos se perguntam por que familiares de dependentes químicos demoram a perceber sinais da doença. Além da própria dificuldade em acreditar e aceitar o problema, um dos grandes motivos dessa “cegueira” é o fato de a dependência química não apresentar sintomas físicos claros, como as doenças comuns.
“No caso da dependência química, os sintomas físicos demoram muito a aparecer aos olhos de quem convive com o portador da doença”, alerta o psicólogo Dionísio Banazsewiski, que atua há mais de 25 anos na orientação e combate ao uso de drogas. Segundo ele, é preciso estar atento ao comportamento da pessoa em suas relações sociais.
“Assim como, nas doenças físicas, alguns sintomas são as dores e a febre, na dependência os primeiros sinais são comportamentais”, explica. A doença se mostra por meio de sintomas normalmente antissociais, como mentira, omissão, manipulação, descontrole emocional, entre outros. “O comportamento do dependente ao mentir e manipular é exatamente como a febre em uma doença comum”, afirma Dionísio, que atua em parceria com a Clínica Quinta do Sol, em Curitiba.
Normalmente os portadores desses sintomas são rotulados socialmente como “sem caráter”, “sem vergonha”, “mentirosos” ou “sem palavra” – são pessoas consideradas sem força de vontade ou ainda “de dupla personalidade”, e, por causa disso, são marginalizados em seus relacionamentos. “Mas, ao invés de ajudar o doente, esses comportamentos oportunizam mais e mais a busca pelo uso das substâncias psicoativas, pois elas dão a sensação de conforto e acolhimento”, alerta o médico José Carlos Vasconcelos, diretor da Clínica Quinta do Sol.
Os dois especialistas salientam o quanto é importante que as famílias percebam esse comportamento manipulador e procurem, o mais cedo possível, auxílio especializado. “Esse comportamento é um mecanismo de defesa inconsciente do dependente. É um comportamento repetitivo e muito utilizado”, afirma Dionísio. “No entanto, só um profissional qualificado e experiente no manejo da doença poderá diagnosticar e orientar sobre o melhor caminho de tratamento a ser seguido”, lembra Vasconcelos.
A dependência química é uma doença sem cura – o que se busca é o comportamento de abstinência. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, apenas um terço dos portadores de dependência química se recuperam sem recaídas físicas, já que as emocionais são inevitáveis. “A abstinência é a maior conquista e representa a estabilização integral do paciente”, orienta o médico.
Sobre a Clínica Quinta do Sol
A Clínica Quinta do Sol está instalada em Curitiba e há mais de 30 anos se dedica ao tratamento contra a dependência química e o alcoolismo. A clínica atende a pacientes de todo o país e conta com profissionais de saúde especializados no tratamento da drogadição, como médicos, psicólogos e enfermeiros, entre outros.
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