O objetivo da avaliação clínica é verificar o estado de saúde do dependente químico. Identificando situações que, relacionadas ou não ao uso de álcool ou de outras drogas, podem já estar causando dano ao paciente, ou vir a fazê-lo em algum momento. Busca-se também limitar e tratar condições ou doenças instaladas até então não identificadas. Podemos nos deparar com uma variedade de situações, considerando-se, por exemplo, o tipo de droga utilizada: álcool, cocaína, crack, maconha, nicotina ou cola. Importante também verificar, por meio da Avaliação Clínica, é a maneira como o paciente se apresenta: se está em delírio pela abstinência da droga, ou em coma superficial por abuso de benzodiazepínico, se está com neuropatia periférica por uso de inalante ou se identificado como portador de HIV na circunstância de compartilhamento de canudo ou adoção de sexo desprotegido.
As derivações da doença também são consideradas. O alcoolista está desnutrido pelas conseqüências do uso abusivo do álcool ou há uma neoplasia oculta? A convulsão que a jovem senhora apresentou decorre da abstinência aos calmantes, apenas? A perda de peso do usuário de crack é pelo uso da substância em si ou há uma tuberculose ou uma hepatite viral – ou até ambas?
O paciente dependente químico naturalmente também está exposto a condições de agravo à saúde como ocorre na população em geral, sendo também objetivo da avaliação clínica, identificar e tratar essas questões. Ou seja, a jovem com piora do transtorno afetivo pode também ter uma disfunção da tireóide que não vinha sob controle. Outro exemplo, a rouquidão da professora fumante pode ser decorrente de um edema Reinke e não de um câncer de laringe; a dor abdominal de um alcoolista pode ser decorrente de cálculos na vesícula e não de uma pancreatite alcoólica.
Portanto, na Avaliação Clínica há um posicionamento de prevenção através do pensamento sistêmico quando se trata do surgimento ou probabilidade da doença. Podem ocorrer situações em que o melhor é trabalhar a manutenção da abstinência para que não se instale uma cirrose a partir de uma hepatite alcoólica identificada, ou, por exemplo, a busca ativa de doenças não manifestadas como uma infecção retroviral num paciente trazendo riscos também à sua parceira e prole. A Avaliação Clínica sugere pensar além do óbvio possível, sugere que todo paciente, enquanto está em tratamento, também precisa adotar hábitos de estilo de vida saudável, com cuidados alimentares e atividade física, além da prevenção e internação, isso poderá promover melhora significativa e além de recuperar a sua saúde e bem estar.