Saúde Mental

Casagrande fala sobre luta contra as drogas: ‘A frustração é um gatilho fortíssimo’

Walter Casagrande Jr. foi um dos convidados do Encontro com Fátima Bernardes na manhã desta segunda (8). O comentarista esportivo da Globo falou sobre o título da Seleção Brasileira na Copa América e relembrou a sua batalha diária contra o vício em drogas. “Fiquei internado um ano, e a frustração é um gatilho fortíssimo para quem é dependente”, explicou o ex-jogador.

O tema frustração veio para a pauta quando os convidados estavam discutindo a seguinte questão: “A conquista do Brasil na Copa América, em pleno estádio do Maracanã, ajuda a esquecer o 7×1 contra a Alemanha?”.

“A minha relação com a frustração é um pouco mais complexa, porque eu sou dependente químico, fiquei internado um ano, e a frustração é um gatilho fortíssimo para quem é dependente. Quando fiquei internado, trabalhei diversas coisas em busca de uma recuperação e a frustração foi um capítulo importantíssimo”, contou.

“A frustração, para mim, é questão de sobrevivência. Não é simplesmente ficar triste e depois recuperar. Para mim, é um adversário fortíssimo. Trabalho até hoje, faço terapia”, desabafou o comentarista da Globo.

Casagrande ainda relembrou os problemas que enfrentou após a Copa do Mundo de 2002, no Japão e na Coreia do Sul, quando Fátima Bernardes também estava presente como repórter do Jornal Nacional.

“Na Copa de 2002, trabalhamos, foi legal pra caramba, Brasil campeão. Aí eu volto e fico fortemente frustrado, porque voltava o campeonato normal, não tinha mais grandes jogadores, não tinha mais aquela cobertura. E, na maioria das vezes, eu recaía porque não conseguia suportar a frustração”, disse.

A história de Casagrande com as drogas, principalmente a cocaína, começou na adolescência e se intensificou nos anos 1980, quando passou a ter grande sucesso como jogador de futebol. Ele já confessou que, na época em que jogou no Corinthians e no São Paulo (1982-1986), tinha o hábito de consumir a substância. No entanto, os problemas aumentaram quando parou de jogar.

“Joguei futebol durante 14 anos. Fui pra Copa do Mundo, joguei na Itália, mas teve um dia que tive que parar. No outro dia, não acontecia mais nada na minha vida. Parei de jogar, não dava mais entrevista, não fazia mais gol no Morumbi. Aí iniciou-se uma frustração gigantesca, um buraco emocional dentro de mim começou a aumentar junto com a frustração. Foi nesse momento que eu me perdi”, confessou.

Durante três décadas, Casagrande teve dificuldades para lidar com a dependência química. Sofreu infarto, acidente de carro e foi internado em clínicas de reabilitação. Hoje, ele dá palestras sobre o assunto e diz que procura se manter distante de qualquer substância que provoque vício. Já são dez anos em reabilitação.

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